NEW YORK CITY MARATHON

A rainha das maratonas, minha primeira maratona. O que dizer desta corrida de rua fantástica? Minha esposa me inscreveu para o sorteio de 2010. E não é que fui sorteado já de primeira! Demorou um pouco para a ficha cair. Em Janeiro/2010, era para eu ter realizado uma tomografia, mas acabei realizando só no final de Maio/2010. E para minha surpresa surgiu um cisto que necessitava ser retirado e analisado. Com a cirurgia marcada, não seria mais possível correr naquele ano e talvez, nem nos próximos. Mas mesmo assim, minha esposa explicou a situação para a organização e eles garantiram minha inscrição para 2011.

Muito corredores sobre a Verrazzano-Narrows Bridge na New York City Marathon

Mantive os treinos pois não sentia nada. Mas, a intensidade já não era a mesma. Chegou o dia da cirurgia. Estava bastante apreensivo e aceitei todos os remédios possíveis para não surtar. Uma coisa engraçada ocorreu na recepção do Hospital Santa Catarina, a minha esposa, Gabriela, estava grávida de quase 8 meses da minha filha, Julia, e à primeira vista já estavam pensando que a Gabi é quem seria internada. Se não me engano foram quase 5 horas de cirurgia. Tudo correu bem. Agradeço ao Dr. Ronerley Bachichi e sua equipe. Após a cirurgia, fiquei mais dois dias na UTI. Agora restava apenas aguardar o resultado da analise do material retirado. Quando o resultado chegou foi um alívio tremendo, não era nada maligno.

Retorno e mais um susto

Aí lembramos que tínhamos um grande projeto para daqui um ano, NEW YORK CITY MARATHON, a rainha das maratonas . Assim que terminou o período de repouso pós-operatório, parti para meu primeiro treino de muitos. Foi desesperador, foi uma caminhada tipo vovozinho de 3 km no parque da Aclimação. Mas seguimos confiantes e determinados. Em meio aos cuidados com nossa mais nova integrante da família e os treinos, chegamos em Outubro/2011 com dois longões para fazer, uns 30 dias antes da prova e outro 15 dias antes, 30km e 33km, respectivamente. Concluímos com sucesso. Cheguei sozinho em New York, 4 dias antes da prova e finalizaria o polimento lá mesmo. Porém, nada é fácil. Quando entrei em contato com a família no dia seguinte, foi complicado, fiquei sabendo que a Julia estava hospitalizada por conta de uma convulsão. A sensação de impotência total me tomou de uma forma, fiquei desnorteado. Apesar de voar sozinho, estavam comigo, minha prima e seu amigo. Neste dia eles me apoiaram, inclusive no porre que tomei. Me achava o pior dos pais. No dia seguinte, véspera da maratona, fiquei o dia todo na cama de ressaca e me hidratei muito.

A prova

E chegou o grande dia. Acordei às 3:00 pois precisava estar às 5:00 na frente da Biblioteca Pública de New York para pegar meu ônibus com destino ao Fort Wadsworth em Staten Insland, local de concentração dos corredores. De lá, seriam mais 5 horas de espera até a largada da terceira onda. Conforme chegava a hora da largada, você vai sendo tomado por muitos pensamentos e sentimentos. Lembrando de como foram duros os treinos. Mais tranquilo, pois a Julia já estava em casa e torcendo pelo papai.

E é chegada a hora de me dirigir ao meu curral de largada. Os minutos que antecedem ao início de minha jornada, são embalados ao som de New York, New York. Nessa hora suas pernas tremem e parecem pesar muito. Fora que começamos numa subida.

Mesmo diante disso tudo, a energia das pessoas ao seu redor é tão boa que apesar do inicio lento, vamos tomando pouco a pouco os five boroughs (Staten IslandBrooklynQueens, The Bronx, and Manhattan). E a medida que você vai conquistando os boroughs, mais você vai se maravilhando com esta prova. Não existe sequer um vão vazio entre o público que está assistindo e incentivando. Penso que parte do segredo desta prova esta no público, é fantástica a interação das pessoas que estão assistindo com os corredores. Eu tenho em meu curriculum apenas 5 maratonas New York City Marathon, Chicago Marathon, Paris Marathon e 2 SPCITY Marathon. Mas, quando compartilho minha opinião sobre este público com meus amigos com muito mais maratonas, suas impressões são as mesmas. Quando entramos em Manhattan, estamos aproximadamente no km 25, neste momento é uma êxtase! Você é dominado pela alegria do publico, embora falte 17.195 metros. Nos quilômetros finais, temos alguns desafios. Um deles é a subida da Fifth Ave. ao lado do Central Park e a outra é encarar a sinuosidade do pequeno trecho dentro do Central Park. Quanto entramos na 59th. st. logo vem a vontade de chorar, mas engolimos o choro e vamos encarar a ultima subidinha, fazer a curva na Columbus Circle e finalmente avistar o pórtico final. Com direito a aviãozinho do Vanderlei Cordeiro de Lima, cruzamos a faixa e desabamos de choro com algumas mensagens de consolo “Good job!”. É inevitável, não conter a emoção, várias lembranças vêm à tona, principalmente, dos duros treinos, da compreensão de sua família e amigos. Quis o destino que meus primeiros 42km fossem aos 42 anos. Provoque-se, tente correr uma. Por que não?

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4 Comentários

  1. Ah, Marcos, que delícia de relato!
    Puxa, corri NY em 2018 e foi algo incrível. Minha melhor experiência em corridas.
    A felicidade de estar lá era tão grande que passei a prova toda cumprimentado as pessoas, reagindo à elas e o tempo de prova era o que menos importava.
    A prova comemorava os 60 anos de NYRR, no dia da prova era meu aniversário de 60 anos e a somatória do meu tempo entre horas, minutos e segundos deu exatamente 60! Além disso, na largada um rapaz americano me disse que tb era seu dia de aniversário e depois encontrei um brasileiro que tb estava fazendo aniversário naquele dia.
    Enfim, eu digo prá todo mundo que é necessário correr NY.
    Outro dia no live com o Zé, ele, que já correu 57 maratonas, escolheeu NY como a mais fantástica de todas!
    Parabéns!

    • marc6722_wp

      Caramba Naoki! Quanta coincidência! E que história legal! Que bom que gostou! Produzi este relato exatamente para isso, dividir experiências. Em tempos difíceis, como agora, é sempre bom lembrar das coisas que nos colocam pra cima. Grande abraço meu amigo

  2. Biana Fernandes de Oliveira Albuquerque

    Me inspirou …já tinha desistido dos meus 42 …
    Comecei correr aos 38 me apaixonei pela corrida, então pensei qd fizer 42 vou fazer uma maratona, mas nesse tempo de corrida, tive lesões e aos poucos fui desistindo …fiquei nas meia maratonas cheguei a fazer 6 ou 7 ñ lembro…passou ou 42 …já estou com 44 e NADA de maratona 😢

    • marc6722_wp

      Oi Biana! Quanta honra ter um comentário seu neste post que compartilhei com os amigos da corrida. Desculpa a demora pela resposta. Acompanho suas postagens e vejo muito empenho e alegria em suas atividades. Não sou conhecido pela minha performance hahaha (pace alto). Acho que quem ama a corrida como nos, não precisa correr uma maratona, o importante é se divertir. Penso que você ainda esta muito nova, cuidado com as lesões e se a maratona é um objetivo, não desista dela, curta ela. Minha maratona mais rápida, conclui em 5:05′ hahaha Beijos e se cuide

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